O Ilê Axé Opô Afonjá é um dos terreiros de candomblé mais importantes e antigos do Brasil, com uma história rica e repleta de significado. Sua fundação, lideranças e influências moldaram não apenas a religião, mas também a cultura e a sociedade brasileiras.
A Fundação e as Raízes
Fundado em 1910, no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador, Bahia, o Ilê Axé Opô Afonjá surgiu a partir de um grupo dissidente do Terreiro da Casa Branca, um dos mais antigos da cidade. A fundadora, Eugênia Ana dos Santos, mais conhecida como Mãe Aninha, era uma figura de grande respeito e conhecimento na religião.
Mãe Aninha, juntamente com Tio Joaquim, Obá Sanhá, deu início a um novo capítulo na história do candomblé baiano. O terreiro, que significa "Casa sob o comando e o sustento do cajado de Afonjá", logo se tornou um centro de referência para os praticantes da religião, tanto na Bahia quanto em outras regiões do Brasil.
Mãe Aninha e a Herança
Mãe Aninha (Eugênia Ana dos Santos): Fundadora do terreiro, liderou de 1910 a 1938. Sua figura é fundamental para a história do Opô Afonjá, sendo reconhecida por sua sabedoria e dedicação à religião.
Mãe Bada de Oxalá: Assumiu a liderança após a morte de Mãe Aninha, permanecendo no cargo de 1939 a 1941.
Mãe Senhora: Liderou o terreiro de 1942 a 1967, período marcado por um grande crescimento e fortalecimento da comunidade religiosa.
Mãe Ondina de Oxalá: Assumiu a liderança em 1968 e permaneceu até 1975.
Mãe Stella de Oxóssi: Uma das líderes mais conhecidas e respeitadas do candomblé no Brasil, Mãe Stella liderou o Opô Afonjá de 1976 a 2018. Seu legado é marcado por sua luta contra o racismo e a intolerância religiosa, além de sua importante contribuição para a divulgação da cultura afro-brasileira.
Mãe Ana de Xangô: A atual ialorixá do terreiro, eleita em 2019 após a morte de Mãe Stella. Mãe Ana de Xangô dá continuidade ao trabalho de suas antecessoras, preservando as tradições e fortalecendo a comunidade religiosa.
É importante ressaltar que:
Sucessão: A sucessão das lideranças no Ilê Axé Opô Afonjá não segue uma linha familiar, mas é determinada por um jogo de búzios, onde os orixás indicam a pessoa mais adequada para assumir a responsabilidade de liderar o terreiro.
Papel das lideranças: As lideranças do Opô Afonjá desempenham um papel fundamental na preservação das tradições religiosas, na orientação espiritual dos membros da comunidade e na luta pelos direitos dos praticantes de religiões de matriz africana.
Outras lideranças: Além das ialorixás mencionadas acima, diversas outras pessoas desempenharam papéis importantes na história do terreiro, como babalorixás, ogãs e yalorixás de outros terreiros que contribuíram para o desenvolvimento do Opô Afonjá.
Importância histórica: O Ilê Axé Opô Afonjá é um dos terreiros mais antigos e importantes do Brasil, com uma história rica e repleta de significado. As lideranças que se sucederam ao longo dos anos contribuíram para a construção de um legado que ultrapassa as fronteiras do terreiro, influenciando a religião, a cultura e a sociedade brasileira como um todo.
Após a morte de Mãe Aninha, outras lideranças assumiram a responsabilidade de manter viva a tradição do terreiro. Cada ialorixá que sucedeu Mãe Aninha trouxe suas próprias contribuições, mas todas mantiveram a essência do Ilê Axé Opô Afonjá, preservando seus ritos, cânticos e histórias.
Influência na Bahia e no Brasil
O Ilê Axé Opô Afonjá exerceu uma influência significativa na Bahia e em todo o Brasil. Sua história e seus ensinamentos contribuíram para a visibilidade e o reconhecimento do candomblé como uma religião de matriz africana, rica em cultura e espiritualidade.
O terreiro se tornou um centro de referência para estudos e pesquisas sobre o candomblé, recebendo visitantes de diversas partes do mundo. Além disso, o Ilê Axé Opô Afonjá tem sido um importante espaço de luta pelos direitos religiosos e pela valorização da cultura afro-brasileira.
Um Patrimônio Cultural
Em reconhecimento à sua importância histórica e cultural, o Ilê Axé Opô Afonjá foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), garantindo assim sua preservação para as futuras gerações.
O Ilê Axé Opô Afonjá é mais do que um terreiro de candomblé; é um símbolo da resistência, da fé e da cultura afro-brasileira. Sua história nos mostra a importância de preservar nossas raízes e de valorizar a diversidade cultural que caracteriza o nosso país.
Yalorisa Giordanna Logun édè
Apetebi Obara Bogbe #ifakumbi RJ
Ilê Asé Obi N'lá Apeja
@yagiordanna
30/10/2024
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